#17 - Calvão de genética
Estou ficando careca e isso é uma merda. Ainda não aceitei isso de boa. Eu aceitei, ok? De boa não.
Lembro da primeira vez que eu percebi que isso aconteceria. Eu tinha 22/23 anos, estava cortando o cabelo e no final tem aquele ritual do cara pegar o espelho e mostrar como ficou o corte na parte de trás, né?
Foi aí que vi o topo da minha cabeça e foi como ver uma imagem de satélite de um foco inicial de desmatamento da amazônia. Parecia muito com isso, visualmente falando. Bateu a bad na hora! Eu sabia o que seria um caminho sem volta. Mas era algo assim que não dava pra notar, só eu conseguia enxergar isso (ou nem eu, já que ficava na parte de trás da cabeça).
Mas sabe o que eu fiz depois? Nada! Nunca liguei de cuidar, de procurar um tratamento ou fazer um consulta que seja. Hoje, aos 37 anos, eu sou um homem calvo (pera que bateu a bad depois de escrever essa frase), mas não por opção como a moda(?) esquisita de alguns jovens que estavam fazendo esse corte simulando uma calvície, o calvão de cria. Sou um calvão de genética.
Provavelmente eu já virei ponto de referência: “Tá vendo aquele cara calvo de camiseta preta?” Coisas desse tipo vão começar a acontecer muito.
E por que não assumo de vez a careca? Primeiro porque ainda tenho bastante cabelo (meudeus, um calvo sempre vai pensar isso) e depois acho que vou ficar muito esquisito careca. Mas também não preciso fazer um corte no zero, né? Posso só cortar o cabelo baixinho. Acho que já vai ajudar no processo.Bom, tô só pensando alto…
Seguindo o conselho do Stuart Heritage, colunista do The Guardian e, hoje, um careca assumido, estou buscando algumas referências de homens carecas que eu admiro e que são pessoas interessantes, elegantes e que assumiram sem medo de ser feliz que são carecas. Inclusive ele escreveu esse texto sobre como Larry David o ajudou a abraçar a vida como um homem careca. Recomendo.
Eu também gosto muito do Larry David e acho que vou começar com ele como meu guru nesse assunto. É isso! Nessa coluna do Stuart, ele cita um texto do Larry chamado “Beije minha careca”, de onde eu tirei essa parte:
O careca que não se esforça para compensar sua calvície está em apuros. A última coisa que o careca precisa é ficar com preguiça. Um careca preguiçoso acabou. Mostre-me um careca preguiçoso e eu lhe mostrarei um careca miserável.
O careca barbudo me irrita. Isso não é um careca orgulhoso. Esse é um cara careca que está tentando melhorar. Ele quer desviar a atenção da cabeça para o queixo. É sutil, mas a mensagem é a mesma: sou careca e não gosto disso. A maior parte do meu desprezo, no entanto, é reservada aos carecas que usam boné.
Eu gostava de usar boné (não me despreze, Larry), mas não usava pra esconder nada, eu juro, é que sempre gostei de usar. Achava bonito.
Agora você pode me desprezar com vontade porque comecei a usar um produto chamado “Makeup hair”, ele cobre as falhas no cabelo. Sim, é um maquiagem que vai sair no banho. Mas pelo menos ninguém vai poder usar minha careca como ponto de referência.
Bjs,
Téo.