#19 - Pedi demissão da minha própria empresa
Eu nunca entendia muito bem quando ficava sabendo que uma pessoa não estava mais na empresa que ela mesma fundou. Parecia muito estranho. Hoje eu sei que podem ter tantos motivos pra isso, que é mais fácil sair do que ficar.
Saí, oficialmente, da Printerama em novembro de 2022, quando assinei os papéis e essa burocracia toda. Foram 10 anos nesse rolê (iniciamos a empresa em outubro de 2012).
Como quase ninguém sabe disso, ainda é comum algumas pessoas, amigos, conhecidos e empresas me procurarem para assuntos relacionados a marca. É tipo encontrar com um velho amigo na rua e ele perguntar pela sua namorada quando na verdade ela já é ex.
Quando alguém me pergunta sobre a Printerama, eu respondo que “não estamos mais juntos”.
Beleza. Mas por que sair?
Em algum momento as empresas ganham vida própria. É aí que as coisas podem começar a ir por outro caminho que não era o que você queria. Eu comecei a marca com uma proposta, fazendo estampa das coisas que eu gostava e levando as coisas no tempo que eu queria. Minha meta: se eu conseguir pagar minhas contas com isso, já vai ser incrível. E sim, eu consegui.
Não vou dizer que a Printerama cresceu além do que eu podia imaginar. Eu imaginava, mas não no tempo que foi. Foi muito rápido! Quando percebi já tínhamos funcionários, já estávamos ocupando um prédio enorme de dois andares, com produção interna, equipamentos caros e, pra não falar só de coisas internas, com nossas camisetas aparecendo na Globo, tudo de forma espontânea. Além disso também estávamos no feed dos principais influenciadores do país. Aqui pagando, obviamente.
Naturalmente entramos num sistema (é foda, parceiro) que a grande maioria das empresas entram. Esse sistema é cheio de coisas que vão contra o que acho correto e o que eu queria implementar sobre jornada de trabalho, cadeia de produção, qualidade de vida, criatividade etc. Aqui eu comecei a pensar de fato em sair e seguir fazendo minhas coisas em volume menor, mas com independência. Síndrome do underground?
Eu falei um pouco antes sobre as empresas criarem vida própria, né? A nossa criou. Muita das coisas que eu queria fazer já não cabiam mais, não conversavam com o nosso público. Mas o pior mesmo era ver que a linguagem da marca não conversava mais comigo, que existiam coisas que eu nem queria que estivessem ali, desde estampas, funcionários, até um simples post no instagram. Não existia mais aquele orgulho lá do começo de apontar e dizer… olha, eu que fiz.
Eu que falei que queria terminar, mas a sensação é de que ela já tinha terminado comigo antes (que drama).
Bjs,
Téo