#2 - Todo dia eu quero fazer uma coisa diferente
O subtítulo poderia ser: e nunca termino nada. Eu faço parte de um grupo de pessoas que se acham uma fraude, verdadeiros impostores que nunca vão até o fim porque não se acham bom o bastante. Quem nunca?
Grande parte dos meus projetos ficaram pelo caminho. Por exemplo, agora eu quero muito fazer quadrinhos. Ontem eu queria muito fazer foto dos meus legos. Antes de ontem eu escrevia músicas para uma banda que nunca existiu. Antes disso eu comprei uma câmera analógica pra fazer fotos pela cidade. Bem antes disso gravei um piloto de um podcast e, se eu voltar um pouquinho do tempo, vou lembrar da Marceline, minha bicicleta que hoje está esquecida na garagem do prédio.
Minha vida toda foi assim e isso me perturbava um pouco. Toda vez que um projeto desse era esquecido, eu me perguntava: Por que eu não consigo terminar as coisas que eu começo? Mas pera… Se alguma coisa qualquer que eu comecei é deixada de lado, ela teve um fim, certo? Não vou dizer que foi um fim digno de final de filme dramático, mas foi um fim. Você pode levar por esse lado.
Pois bem, de tanto acontecer, fui entendendo que eu gosto mesmo é de deixar as coisas em aberto. E a gente tem essa mania de colocar uma data de início e fim nas coisas para elas parecerem completas. Mas nós, impostores irresponsáveis sem nenhum compromisso com o fim das coisas, não somos esse tipo de pessoa.
Sei lá, daqui a pouco vou pegar minha bicicleta outra vez e ir trabalhar com ela por 4 dias seguidos, tirar foto pro instagram e esquecê-la novamente num quarto escuro.
Já me sinto até errado em colocar um fim. Um dia eu vou sentar pra escrever aqui na newsletter e no meio do texto sair pra tomar um