#18 - Que time é teu? Minha história de torcedor misto.
Estou tentando assumir que sou um torcedor misto. Tenho vergonha disso? Mais do que deveria. Agora deu mesmo! Eu, beirando os 40 anos, ficar preocupado sobre torcer pra um ou dois times. Por favor, né? De qualquer forma, tem coisas que a gente não tem o poder de escolha, você apenas foi o escolhido. Ou você acha mesmo que eu queria ter calvície? Parece que alguem não superou isso ainda.
O torcedor misto é aquele que torce pra dois times. O misto tem um padrão que se repete muito: ele torce pra um time de maior expressão nacional, geralmente do Rio ou São Paulo, e também torce pra um time do seu estado, que muito provavelmente é um estado com menos títulos importantes no cenário brasileiro.
Como você vira um torcedor misto?
Eu nasci em 1985 no interior do Ceará e no comecinho dos anos 90 eu comecei a acompanhar futebol. Sabe quem mais aparecia nos programas de esporte da TV na época? Todos os times do sudeste, menos os do meu estado. Tá, aparecia, mas em uma proporção tão irrelevante que eu nem lembro. Eu nem sei se tinha um programa de esporte local, como hoje tem, mas tenho quase certeza que não.
Sabe qual foi a primeira camisa de time que eu ganhei? Uma do Flamengo. Meus primeiros dois times de futebol de botão que comprei foram Vasco e Santos. E sabe pra quem eu comecei a torcer? Palmeiras. O palmeiras do pofexô Vanderlei Luxemburgo. Aquele timaço que tava na minha TV todo dia, que aparecia nos gols do Fantástico e nos jogos da tarde de domingo. Quer a cereja do bolo agora? Sabe pra qual time o meu primo chato torcia? Corinthians. Não teve jeito, eu era oficialmente um torcedor da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Então eu vivi bons anos da minha vida sendo um monogâmino no futebol. Eu só queria saber e só tinha olhos para o Palmeiras. Até que no começo dos anos 2000 mudei pra capital do Ceará com minha família. Meu pai, que é um torcerdor do Ceará, começou a acompanhar muito mais os jogos do Vozão. Por tabela eu também assistia a todos, se não era na TV, tava lá no rádio na Verdinha AM 810 com narração de Gomes Farias, e foi assim que a minha torcida pelo Alvinegro de Porangabussu começou sem eu nem perceber. Quando eu dei por mim já tava gritando Bora, Vozão! A merda estava feita, eu virava ali oficialmente um torcerdor misto.
Naquela altura (e infelizmente hoje também) o Ceará estava na Série B do Campeonato Brasileiro. Então eram raros os jogos em que enfrentava o Palmeiras, o que favorecia minha situação.
Mas quando os dois se enfrentam?
A minha maior torcida é para o Palmeiras, não tem jeito. É o time que os resultados interferem diretamente no meu humor. Não consigo controlar isso. Com o Ceará já não é assim. Mas quando os dois se enfretam, aí eu torço para o time da casa. Simples. Uma outra situação é que fico do lado daquele que precisa mais da vitória naquele momento. As coisas acontecem naturalmente. Eu não tenho que ficar pensando sobre pra quem torcer.
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Escolhi a foto do Fernando Prass pra ilustrar esse texto porque foi meu ídolo do Palmeiras e encerrou sua carreira profissional no Ceará.
Pra quem não sabe o torcerdor misto é odiado por 10 entre 10 torcedores. Aí o problema já não é meu.
Se você torce pra dois rivais, aí já temos um problema.
Bjs e #paz,
Téo